Há alguns anos atrás vivi uma experiência que hoje tem me feito pensar... e muito.
Uma das minhas melhores amigas acabou ficando grávida antes de se casar.
Foi um tempo muito difícil pra ela. Ela viveu a adolescência na igreja. Teve um namoro dentro dos padrões bíblicos e aceitos por nós cristãos. Seu relacionamento puro era um testemunho vivo do que nosso Deus fazia e era digno de receber de seus filhos nos nossos anos de Ensino Médio.
Mas, derrepente esse relacionamento acabou, um novo relacionamento começou e uma serie de fatos resultaram numa gravidez.
Hoje, me questiono que tipo de cristã eu fui, para que minha melhor amiga tivesse medo de contar pra mim o que tava acontecendo com ela!
Apesar desse receio, ela criou coragem e apareceu um dia cedinho na minha casa com uma carta. Apenas me abraçou, forte. Chorou, me pediu que eu lesse aquela carta e foi embora.
Assim que ela saiu, eu fiz como ela havia pedido. Lá estava escrito: Kami, eu estou grávida. Chorei um pouco, pois as coisas não haviam saído como sonhamos muitas vezes pelas madrugadas adentro nas conversas intermináveis cheias de risos e comentários sobre um possível futuro a nossa maneira. Nem como imaginávamos quando voltávamos da escola caminhando e brincávamos que seriamos vizinhas. Muito menos da maneira pela qual muitas vezes orávamos juntas. Só conseguia pensar em cada sonho que minha amiga não viveria. Isso fez com que meu choro tivesse um tom dolorido.
Mas, aquela era a realidade. Minha irmã-amiga, como costumávamos nos denominar, estava grávida e eu deveria estar ao seu lado, mesmo isso significando os irmãos da igreja olhando torto ou fazendo comentários de desprezo enquanto a barriga dela iria crescendo! Agora não era hora dela se sentir sozinha. Liguei pra ela naquela mesma hora, fazia uns 15 minutos que ela havia me entregue aquela carta e tudo que consegui dizer a ela foi: “Como você me conta que vou ser tia pela primeira vez por uma carta?” Ela riu chorando. Pude sentir seu alívio.
Os 9 meses passaram! Seu lindo bebezinho nasceu. Ela passou duros momentos. Agora era mãe solteira e tudo estava diferente.
Hoje quando penso em tudo isso, vejo que não podemos perder a alegria por algo tão doce devido um pecado. Você já vai entender melhor o que quero dizer com isso. Minha amiga foi uma das grávidas mais lindas que já vi. Hoje, uma das mães mais lindas! Mesmo as coisas tendo sido precedidas pelo pecado do sexo fora do casamento, e todas as conseqüências que ela teve por isso, toda dor, toda dificuldade, toda solidão, toda renúncia de ter que amadurecer mais rápido que o devido... Mesmo com tudo isso ela recebeu algo que nosso Deus chama de “sua herança!”
Não estou aqui incentivando o sexo fora do casamento, nem apoiando a gravidez fora da hora, nem a produção independente, nem nada disso. Mas, chamando a atenção pra algo que há meses tem estado em meu pensamento: Quantas meninas e mulheres têm olhado para seus filhos como “conseqüência do pecado”? Quantos cristãos têm dito isso para a adolescente da igreja que engravidou e chama sua barriga crescendo de “fruto do pecado”? Quantas meninas e mulheres perdem a alegria da barriga crescendo a cada dia por ter sob seus ombros o peso de estar grávida sem ter se casado, ou por ter apressado as coisas? Quantas deixam de perceber o quanto são grávidas lindas?
Se por um acaso, você ou alguma amiga sua passarem por isso não se esqueçam que o que está crescendo dentro dessa barriga é uma nova vida, digna de todo seu amor, proteção, alegria por ter sido concebido.
Um filho que segundo Deus é sinônimo de herança dele! É algo que era de Deus e Ele deu a você! Isso é herança! É isso que a Bíblia diz: “Os filhos são herança do Senhor!”
Mesmo que esse filho tenha sido gerado fora do contexto ideal que é o casamento.
Quando o Senhor nos disse para que fizéssemos sexo apenas quando casados, foi pensando nisso também. Ele sabia que a relação sexual poderia resultar num filhinho, que vai precisar de um referencial paterno e materno. De uma família! E quando é gerado fora da aliança do casamento pode ser privado dessa tão importante constituição.
Mas, se a realidade é um filho fora do casamento, uma gravidez precoce, precisamos acertar nossa visão e entender que a herança do Senhor está ali, vivendo e ganhando forma dentro de você. Nosso Deus, é um Deus de amor que sempre nos estende seus braços para nos acolher, perdoar e nos ajudar a enfrentar as conseqüências das nossas más escolhas. Esteja com o dono da herança. Ele pode cuidar de você e do seu bebê!
Minha amiga, após uns anos difíceis, foi surpreendida pelo Senhor com um casamento! Hoje, ela continua linda, com seu esposo que a escolheu e ganhou de brinde um lindo menininho de quase 3 aninhos! O Senhor cuidou dela e pode fazer o mesmo por você!
Ela mais uma vez tem sido testemunho do que nosso Deus é capaz!
Ele a conhece e sabe toda a aflição que você (ou alguma menina que você conhece) tem passado, desde que acabou fazendo sexo fora da hora, ou que percebeu a menstruação atrasada e teve constantes enjôos. Ele sabe, e mesmo assim colocou dentro de você a herança dele. Corra pra ele, abra seu coração, conte a Ele seus medos, arrependimentos, alegrias, fraquezas, inseguranças...
Que você seja um instrumento de apoio para meninas grávidas e solteiras, para que elas enfrentem essa situação e vislumbre a graça de Deus crescendo nelas. Você pode ser um instrumento para que um aborto não aconteça. Muitos abortos são conseqüência do desespero e do medo de ser mãe solteira, de ser julgada .. Ame! Apóie! Ajude! Chore junto se for preciso.
E com Ele alegre-se a cada centímetro que sua barriga crescer, cada mexida que seu bebê der, cada pose que ele fizer nas ultra-sonografias e logo cada vez que amamentar, cada dificuldade que enfrentar...